Economistas dizem onde investir num cenário de juros baixos

Finanças Pessoais.


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A dúvida sobre onde investir é uma questão recorrente. Mas, nos dias atuais, ela ganha ainda mais força. Tudo porque os juros estão baixos, nem a renda fixa nem a variável estão animando o investidor.

A saída, dizem os consultores financeiros, é fazer um esforço e não se deixar levar pelo caminho do consumo. “Ainda há o perigo de que o clima ruim do exterior nos contamine. Se isso acontecer, pode haver reflexo nos empregos”, afirma André Massaro, especialista em finanças. Portanto, o melhor é guardar dinheiro para se precaver de tempos não tão tranquilos.

Muitos desses consultores dizem que esta é a melhor hora para pagar as dívidas. “Usar o dinheiro para eliminar dívidas pode ser interessante”, diz o gestor de investimentos Mario Belo.

O problema é que, segundo analistas de mercado, os juros estão baixos e vão continuar em queda.

Ou seja: a vida do investidor não está fácil. A economista Alexandra Almawi, da Lerosa Investimentos, também diz que acabou a época das vacas gordas. “Será necessário que o investidor dedique mais tempo na escolha de seus investimentos de renda fixa. Do lado da renda variável, precisaremos nos aproximar do perfil dos investidores dos países desenvolvidos, que possuem taxas reais em níveis iguais ou menores que os nossos.”

Há poucas alternativas no mercado de investimento, como os títulos públicos. “Alguns indexados à inflação pagam juros reais interessantes, de 4% ao ano acima da variação do IPCA. Não é nada mal”, afirma a consultora Marcia Dessen, da BMI Brasil.

Ainda que a cotação média dos papéis listados na Bolsa de Valores deixe a desejar, há sempre algum que ganha destaque. “Como alguns papéis na Bolsa cairam significativamente (bancos, por exemplo), o momento é de compra (sem pressa) e seletiva”, afirma o consultor financeiro Silvio Paixão.

A paciência é citada por outros especialistas. “O ideal é fazer investimentos em parcelas. O investidor deve saber se ele se acostuma com a volatilidade do mercado, principalmente o mercado de Bolsa”, afirma o economista Luiz Calado.

E como não desanimar num cenário como esse? Não há receita de bolo. Mas é possível montar algumas estratégias enquanto para tentar driblar a baixa do mercado financeiro.

Veja abaixo e veja as dicas dos economistas para investir

- Este tipo de aplicação inclui títulos públicos e privados, CDBs e caderneta de poupanç, entre outros
- É muito provável que a festa dos juros altos e baixo risco tenha acabado. Mesmo na renda fixa será necessário que o investidor dedique mais tempo na escolha de seus investimentos. A outra alternative é assumir mais risco para tentar ganhar um pouco mais

- Receber menos de 100% do CDI em um CDB de banco, por exemplo, passa a não ser mais razoável. Antes com um CDI em níveis mais elevados, era aceitável. Agora não mais, dizem os consultores

- A renda fixa é ideal neste momento para investidores com mais de 50 anos. Nesta fase da vida, investir em ações ou fundos de ações, por exemplo, só em casos de se conhecer bem os riscos. Mesmo assim, o investimento deve ser pequeno -nada além de 5% ou 10% do total da reserva
- Com baixas rentabilidades, o investidor vai acabar migrando para a renda variável, atrás de lucros maiores –e riscos mais amplos também. Isso já ocorre em países desenvolvidos, onde a migração para ativos de risco é inevitável

- Como alguns papéis na Bolsa de Valores caíram significativamente (bancos, por exemplo), o momento é de compra (sem pressa) e seletiva

- Antes de os juros caírem, não fazia sentido correr para a Bolsa, já que a renda fixa pagava tão bem. Hoje já não é mais assim. A Bolsa terá que fazer parte do portfólio dos investidores. Os dividendos, em patamares de 5% a 10% ao ano, são bem melhores do que a taxa real de juros

- Para quem tem menos de 50 anos, a renda variável ainda pode ser uma boa alternativa. Não são todas as ações da Bolsa que caem ao mesmo tempo. É possível montar uma carteira com, por exemplo, bons pagadores de dividendos, como as empresas do setor elétrico, de telefonia e bancos. Esses papéis podem superar as taxas de renda fixa

- A Bolsa de Valores ainda está muito barata
- Ainda são ativos financeiros considerados altamente seguros. Podem gerar ganhos reais (acima da inflação), como os papéis prefixados, corrigidos pela inflação

- Um dos títulos indexados a índices de inflação é a NTN-B, por exemplo. Os que têm prazos mais longos pagam ainda mais juros, de cerca de 4% ao ano acima da inflação
- Melhor não substituir investimentos por consumo. Tirar o dinheiro do banco para comprar um carro só porque o dinheiro não está rendendo pode não ser uma boa saída A crise externa ainda não terminou e alguns consultores acreditam que há a possibilidade de que o Brasil se contamine por ela, o que pode afetar os empregos

- Em vez de consumir, melhor seria quitar as dívidas. Principalmente se os juros estiverem acima de uma aplicação que o investidor sempre faz