Quer investir? Veja 3 dúvidas que você sempre quis tirar sobre o Tesouro Direto

Entenda três questões básicas sobre o funcionamento dos títulos públicos e perca o medo de investir


Priscila Yazbek, de Exame.com 


Com as recentes altas da taxa Selic, os títulos do Tesouro Direto, que acompanham as oscilações da taxa básica de juros, têm oferecido remunerações mais vantajosas.
Mas, algumas dúvidas básicas impedem que investidores iniciantes se sintam confortáveis para começar a comprar os títulos públicosVeja a seguir três informações que podem ser esclarecedoras para quem está começando a se familiarizar com esse tipo de investimento.
1 Como fazer para começar a investir?
Para comprar qualquer título do Tesouro Nacional, é preciso abrir conta em uma das instituições financeiras habilitadas a oferecer o Tesouro Direto - plataforma online por meio da qual são negociados os títulos públicos -, os chamados agentes de custódia. 
Após realizar o cadastro, o investidor recebe uma senha que dá acesso ao sistema do Tesouro Direto. Ele poderá então fazer a compra dos títulos por conta própria, no site do Tesouro Direto; pode pedir para que o agente de custódia faça a compra em nome dele; ou pode fazer a compra por conta própria por meio do site do agente de custódia, caso ele seja um agente integrado (veja a lista de instituições integradas).
Bancos grandes, como Itaú e Bradesco, também são habilitados a oferecer títulos do Tesouro, mas o fazem por meio de suas corretoras. Portanto, para investir por meio do banco no qual você tem conta será preciso fazer o cadastro na corretora do banco.
Mas, as corretoras dos grandes bancos podem não ser a melhor opção porque costumam cobrar taxas de administração, enquanto existem corretoras que não cobram essa taxa, oferecendo a isenção como uma forma de atrair novos clientes. Atualmente as taxas de administração cobradas variam de 0% a 2% ao ano.
Ao investir 10 mil reais em uma Letra Financeira do Tesouro (LFT), com a taxa Selic aos 10,75% ao ano, ao final de um ano o investidor teria 10.833 reais se não fosse cobrada a taxa de administração. Ao fazer o mesmo investimento, mas com a incidência de uma taxa de 2% ao ano, o montante cai para 10.660 reais, 173 reais a menos. 
E se o prazo do investimento fosse de dez anos, sem a cobrança da taxa de administração o investidor receberia 24.405 reais ao final do prazo, enquanto com a taxa de 2% o valor recebido seria de 20.281 reais, 4.124 reais a menos. 
Como o custo pode interferir bastante no rendimento final, as corretoras que não cobram taxas são as mais recomendadas. No site do Tesouro é possível consultar o ranking das taxas cobradas por instituição.
Vale lembrar que, mesmo sem taxa de administração, o investidor precisa pagar a taxa de custódia à BM&FBovespa, que é de 0,3% ao ano.
2 A partir de qual valor é possível investir? 
A quantidade mínima de compra de qualquer título do Tesouro é de 0,1 do título (10%), sendo possível comprar múltiplos de 0,1, como 0,4 título ou 0,5 título, desde que essa parcela não seja inferior a 30 reais, limite mínimo de investimento. 
O investimento mínimo só poderá ser inferior a 10% do título caso o investidor opte pela compra programada. Nesse caso, é possível comprar a partir de 1% de cada título, desde que seja respeitado o limite mínimo de 30 reais (veja quais instituições oferecem a aplicação programada).
Portanto, para saber qual o valor mínimo exigido para investir no Tesouro, basta verificar qual é o preço do título que você deseja comprar e calcular qual valor corresponde a 10% desse título, ou a 1%, caso seja feita a compra programada. 
No site do Tesouro Direto é possível consultar quais títulos atualmente estão disponíveis para compra e seus preços. Em uma busca feita no dia 03 de março, os preços dos títulos variavam entre 5.997,81 reais e 605,29 reais, o que significa que os investimentos mínimos nesse dia variavam entre 60,52 reais e 599,78 reais, caso a aplicação não fosse programada.
3 Qual a diferença entre os títulos?
Ao investir em um título público, o investidor empresta seu dinheiro ao governo, que por sua vez promete devolvê-lo depois de certo tempo, pagando uma remuneração por esse "empréstimo". 
Como a remuneração pode ser feita de diferentes formas e o dinheiro pode ser devolvido em diversos prazos, existem diferentes tipos de títulos. 
Os títulos podem ser pré-fixados, quando a taxa de rentabilidade é determinada no momento da compra ou podem ser pós-fixados, quando o valor do título é corrigido por um indexador, como o IPCA, ou é indexado à taxa Selic. Os títulos podem ser de curto, médio ou longo prazo, e podem realizar ou não pagamento de cupom semestrais de juros.
Atualmente, existem cinco tipos de títulos disponíveis para compra. Veja a seguir um breve resumo sobre cada um deles.
Letras Financeiras do Tesouro (LFT): são títulos pós-fixados, que pagam ao investidor a variação da taxa Selic diária registrada entre a data de da compra e a data de vencimento do título.
Notas do Tesouro Nacional Série B - Principal (NTN-B Principal): são títulos que pagam a variação do IPCA durante o período do investimento, mais uma taxa de juro definida no momento da compra. No caso da NTN-B Principal, o investidor faz a aplicação e resgata o valor investido somado à rentabilidade (valor de face) na data de vencimento do título. 
Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B) - assim como a NTN-B Principal, também paga ao investidor a variação do IPCA, mais uma taxa de juro pré-definida. Mas, na NTN-B pura o rendimento da aplicação é recebido pelo investidor ao longo do investimento, por meio de cupons semestrais de juros, e na data de vencimento do título, quando é realizado o resgate do valor de face e o pagamento do último cupom de juros. 
Letras do Tesouro Nacional (LTN): são títulos pré-fixados, cuja rentabilidade é definida no momento da compra. Possuem fluxo de pagamento simples, o investidor faz a aplicação e recebe o valor investido somado à rentabilidade na data de vencimento do título.
Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F): muito semelhante à LTN, também é um título pré-fixado, cuja taxa de juro é definida no momento da compra. Mas, no caso da NTN-F, o rendimento da aplicação é recebido pelo investidor ao longo do investimento, por meio do pagamento dos cupons de juros semestrais, como ocorre com a NTN-B pura.