Agência Brasil
Representantes do turismo do Brasil e da Itália discutiram ontem
(13) as experiências dos dois países no desenvolvimento do setor. Na avaliação
de brasileiros e italianos, o Brasil precisa usar o potencial ainda inexplorado
para atrair turistas e diversificar o perfil dos visitantes estrangeiros, já que
atualmente as cidades brasileiras hospedam principalmente argentinos. O debate
ocorreu durante o seminário Brasil Próximo, sobre o programa de mesmo nome que
visa a promover a cooperação entre os governos e a sociedade brasileira e
italiana.
De acordo com Oreni Braga, presidenta da estatal Amazonastur, a Itália ocupa
o terceiro lugar na Europa na lista de turistas estrangeiros que procuram o
Amazonas, atrás da Alemanha e França. Na avaliação dela, a vinda de italianos
para o estado ainda não atingiu o pleno potencial. “A gente enxerga a Itália
como um mercado estratégico sobretudo para o incremento da relação
intercultural”, disse.
Oreni falou ainda da dificuldade de envolver municípios e prefeitos nas ações
de fomento ao turismo. “Quando a gente enxerga a cultura italiana e a
brasileira, não faz parte da cultura amazônica uma estratégia de turismo na
cabeça de um prefeito. Os prefeitos precisam absorver isso como proposta de
desenvolvimento local”, ressaltou.
O diretor do setor de turismo na região italiana da Toscana, Marcello Baroni,
disse que embora o território brasileiro seja maior do que o da Itália, o Brasil
recebe um contingente de turistas menor. Baroni citou como exemplo a Toscana,
que tem 23 mil quilômetros quadrados e recebe 6 milhões de turistas estrangeiros
por ano. O Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur)
recebeu 5,4 milhões de turistas estrangeiros em 2011, quantidade considerada
recorde pelo governo brasileiro. “[O número de turistas na Toscana] é maior que
o volume do Brasil inteiro”, disse.
Para o italiano, “as potencialidades [do Brasil] são enormes, mas não
correspondem ao fluxo [de turistas]”. Na avaliação dele, não há no exterior uma
percepção clara da variedade de destinos turísticos do Brasil, além do Rio de
Janeiro. “[Existem] outros locais muito belos que não são conhecidos. Mas as
campanhas de informação vêm crescendo nos últimos anos”, declarou.
Para Marcello Baroni, a infraestrutura também é um gargalo para o crescimento
do fluxo de turistas para o país. “As conexões de aeroportos ainda não são
suficientes. O Brasil tem diante de si os grandes eventos de 2014 e 2016. Será
um grande desafio para a estrutura”, disse, referindo-se à Copa de 2014 e às
Olimpíadas de 2016.
O diretor de Políticas de Turismo da Liguria, Michele Pagani, informou que a
região, localizada no noroeste da Itália, recebe 14 milhões de turistas por ano.
Segundo ele, a atividade turística na Liguria passa por uma reformulação, já que
a quantidade de visitantes caiu ao longo dos últimos 20 anos. “[A região] estava
ligada ao turismo mais maduro, de balneário, que não é mais tão atraente”.
O seminário Brasil Próximo vai até hoje (14), quando será apresentado um
painel sobre políticas sociais para a juventude.