Agência Brasil
A presidenta Dilma Rousseff rebateu dia sete (7) o artigo da revista
britânica The Economist, que sugere a demissão da equipe econômica
brasileira, sob comando do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Dilma disse que
não se deixará influenciar pela opinião de uma revista estrangeira e destacou
que a situação nos países desenvolvidos é mais grave do que a do Brasil.
“Em hipótese alguma, o governo brasileiro, eleito pelo voto direto e secreto
do povo brasileiro, vai ser influenciado pela opinião de uma revista que não
seja brasileira”, disse a presidenta, antes do almoço oferecido aos
participantes da Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, no Itamaraty.
Segundo Dilma, o Brasil cresceu 0,6% no último trimestre e crescerá mais no
próximo, o que não motiva a recomendação da revista. “Não vi, diante dessa crise
gravíssima pela qual o mundo passa, com países tendo taxas de crescimento
negativas, escândalos, quebra de bancos, quebradeiras, nenhum jornal propor a
queda de um ministro.”
Ao ser perguntada se a situação dos demais países era pior que a do Brasil, a
presidenta foi enfática. “Vocês não sabem que a situação deles é pior que a
nossa? Pelo amor de Deus!”, disse ela. “Nenhum banco, como o Lehman Brothers,
quebrou aqui. Nós não temos crise de dívida soberana, a nossa relação dívida/PIB
é de 35%, a nossa inflação está sobre controle, nós temos 378 bilhões de dólares
de reserva.”
A presidenta reafirmou que é favorável à liberdade de imprensa, apesar de
divergir do conteúdo publicado em alguns veículos. A reação de Dilma à
publicação britânica ocorre em meio a discussões sobre regulação dos meios de
imprensa na Argentina e no Equador, países cujos presidentes, Cristina Kirchner
e Rafael Correa, respectivamente, estavam presentes nas reuniões de hoje.
“Eu sou a favor da liberdade de imprensa. Não tenho nenhum ‘senão’ sobre o
direito de qualquer revista ou jornal dizer o que quiser”, ressaltou a
presidenta. Para ela, a reação da revista britânica pode ter sido motivada pela
queda dos juros no Brasil.
“[Será que] tudo isso se dá porque os juros caíram no Brasil? Os juros não
podiam cair aqui? Aqui tinha que ser o único, como dizia um economista antigo
nosso [Delfim Netto], ou o último peru de Ação de Graças?”, acrescentou a
presidenta, referindo-se à hipótese de o Brasil só ter condições de baixar os
juros quando todos os países da região já tivessem feito.