Agência Brasil
O empresário Eike Batista classificou o
programa de beneficiamento do setor portuário, anunciado ontem (6) pelo governo
federal, como “um sonho”. Segundo ele, ao colocá-lo em prática e, especialmente,
ao favorecer a interligação com o modal ferroviário, o país terá “um choque de
produtividade”.
“Esse plano é um sonho porque conecta tudo. Será um choque de produtividade
no Brasil porque nossa logística é caríssima. Pagamos três vezes o preço para
manuseio de contêineres nos portos”, disse o empresário, ao comparar o custo dos
serviços portuários brasileiro com o de Singapura.
Segundo ele, o plano muda "o conceito" do sistema portuário. “É conectando
tudo que baixamos o custo. Um porto grande pode trazer navios gigantes, com
volumes enormes no contêiner. Isso torna o custo unitário menor. Mas tem de ter
estrutura para atracar [esse tipo de navio]”, disse ele. “Não faltou nada [no
plano]”, concluiu.
Já o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
(Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, achou que faltou, sim, uma medida: o
funcionamento dos portos em turno contínuo. “Os resultados começarão a aparecer,
principalmente caso os portos 24 horas sejam implementados”, disse.
Ainda assim, no entanto, o presidente da Firjan avaliou positivamente as
medidas anunciadas, e disse que elas surtirão efeito já entre 2013 e 2014.“É
importante entender que nós estamos redesenhando o Brasil. Imagine, daqui a
alguns anos, uma ferrovia trazendo mercadorias, como minérios e grãos, de Mato
Grosso, Goiás, Minas Gerais, para o litoral, de forma que possamos processar nos
portos ou exportá-los como matéria-prima. Isso agregará valor para o país”,
argumentou.
Eduardo Vieira disse que o gargalo dos portos tem prejudicado a economia
brasileira. “Não é possível aceitarmos aquelas filas quilométricas de caminhões
perto da safra de grãos, em Paranaguá, por exemplo. Isso é custo Brasil, um
desperdício de valores”, argumentou.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
Luciano Coutinho, por outro lado, disse que é difícil calcular o impacto direto
das medidas anunciadas sobre o Produto Interno Bruto (PIB). “Mas acho que o
impacto do investimento sobre o PIB deverá ser algo em torno de 0,2 ponto
percentual [na taxa de crescimento ao ano]”, estimou.
Para o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de
Base (Abdib), Paulo Godoy, o plano terá facilidade para receber investimentos
privados porque está “em linha” com o que a entidade e a iniciativa privada
sempre defenderam.
“Vai despertar interesse porque terá marco regulatório estável, transparente
e claro, além de segurança jurídica dos contratos e realismo econômico. Aí,
dinheiro e segurança financeira aparecem. Certamente não haverá problemas de
recursos”, disse Godoy. “Agora é velocidade de gestão, é o desafio de fazer isso
com velocidade”, completou.