Agência Brasil
Com crescimento estimado de 5,1% ao ano, as fontes
renováveis de energia devem passar de 43,1% para 45% da matriz brasileira em
2021. A projeção está no Plano Decenal de Expansão de Energia, produzido pela
Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
O documento, que fica em consulta pública no Ministério de Minas e Energia
até o dia 31 de outubro, traz as metas para adaptação do setor conforme prevê o
Decreto 7.390/2010 que regulamenta a Política Nacional sobre Mudança do
Clima.
De acordo com o presidente interino da EPE, Amilcar Guerreiro, a meta para o
setor é não ultrapassar 680 milhões de toneladas de gás carbônico de emissões
absolutas em 2020. Para que isso ocorra, foi feito o planejamento de crescimento
de cada fonte de energia a longo prazo.
“Para uma parte do horizonte os leilões já estão feitos e estão com uma
probabilidade de ocorrência muito alta. Claro que sempre tem a incerteza da
demanda. Mas nos primeiros cinco, seis anos, boa parte da oferta já está
basicamente definida. Agora, para completar o horizonte de dez anos, aí você tem
exatamente o plano e, portanto, tem metas a serem atingidas”.
Um dos destaques é o aumento da produção de energia eólica, que hoje não
chega a 1.000 megawatts (MW). A meta é chegar a 16 mil MW em 2021. Segundo
Guerreiro, uma parte já está leiloada e deve entrar em operação a partir do ano
que vem. Outra oferta em ascensão é a das energias derivadas da cana-de-açúcar,
tanto o etanol como o bagaço, com crescimento de 8,1% ao ano.
Mesmo com a previsão de aumento da participação do gás natural dos atuais 11%
para 15,5% em 2021, devido à exploração na camada pré-sal, o presidente interino
da EPE disse que as metas de emissão de gases de efeito estufa no setor
energético serão mantidas. De acordo com ele, o mais importante é que as
emissões não cresçam em uma proporção maior do que o crescimento da economia do
Brasil.
“Com a evolução da demanda, com essa estratégia de oferta, você mantém, em
2020, a intensidade de carbono na economia. Quer dizer, você não está emitindo
mais gás carbônico por unidade de PIB [Produto Interno Bruto]. A sua economia
cresce, mas ela não fica emitindo mais do que proporcionalmente ao aumento da
economia”, declarou.
A meta é manter a intensidade de carbono na mesma proporção medida em 2005,
ano em que foi feito o segundo inventário brasileiro de emissões de gás
carbônico.
O Plano Decenal da EPE prevê crescimento na capacidade instalada no Sistema
Interligado Nacional de 56% até 2021, com destaque para a geração hidrelétrica,
com a entrada em operação da Usina de Belo Monte. A malha de transmissão deve
chegar a 150,5 quilômetros. Guerreiro lembra que o nível de atendimento de
energia elétrica atualmente está muito perto de 100% e o crescimento é de 1,5
milhão de ligações residenciais por ano.
No setor de hidrocarbonetos, a produção de petróleo deve saltar de 2 milhões
de barris por dia (bpd) para 5,43 milhões até 2021, com a entrada em operação de
90 plataformas de produção. Como a demanda projetada é de 2,89 milhões de bpd, o
excedente de 2,54 milhões será destinado à exportação.
A previsão é que a oferta de energia não-renovável cresça 4,7% ao ano,
enquanto a de energias renováveis aumente 5,1%. Com isso, será possível suprir a
demanda, que deve crescer 4,7% ao ano até 2021. O investimento total estimado
para os próximos dez anos é R$ 1 trilhão.