Agência Brasil
O aumento da massa
salarial e a expansão do emprego explicam, segundo o economista Ricardo
Teixeira, da Fundação Getulio Vargas, o maior comprometimento do orçamento das
famílias brasileiras com saúde, conforme indica a Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF) 2008-2009, divulgada hoje (14) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Veja: Brasileiros passaram a comprometer mais de seus orçamentos com saúde
Especialista em orçamento familiar,
Teixeira observou, porém, que comparado 2003 com 2009, o que se verifica é que
os gastos com saúde no Brasil se mantiveram em torno de 7%. De acordo com a POF,
as famílias gastavam 7% dos seus orçamentos em 2002 e 2003 e passaram a gastar
7,2% em 2008-2009.
“A diferença que houve foi que [os
gastos com] remédios cresceram. Em compensação, consultas e internações caíram”,
disse o economista à Agência Brasil. A POF revela que
48,6% dos orçamentos apresentarm gastos com remédios em 2008-2009, contra 44,9%
em 2002-2003. Consultas e hospitalização, em contrapartida, que representavam um
percentual reduzido nesse período (4,9% e 1,0%, respectivamente), caíram em
2008-2009 para 3,9% e 0,7%.
“O que a gente pode inferir do que
está sendo apresentado aqui é que o aumento da renda da população pode ter
levado as pessoas a gastar mais com remédio do que antes estariam gastando.
Também esse aumento de renda permitiu, isso é fato, que um maior número de
pessoas esteja associado a planos de saúde”. Por causa disso, analisou que os
gastos das famílias com consultas e internações caíram.
“Então, você manteve um percentual,
dentro da renda das famílias, em torno de 7% (com saúde), tanto em 2003 como
agora, mas com uma composição diferente. E nessa composição, os remédios, por
exemplo, cresceram em relação ao que era antes”.
O crescimento da renda disponível
contribuiu para o aumento de pessoas com planos de saúde não só empresariais
mas, também, individuais. Segundo Ricardo Teixeira, isso, de um lado, reduz o
gasto das famílias com consultas e internações, mas permite também que elas
tenham recursos disponíveis para gastar com remédios. Destacou, nesse sentido, a
oferta de preços mais acessíveis de medicamentos genéricos, o que permite às
famílias a gastarem mais nesse quesito.
A pesquisa do IBGE aponta que as
famílias de menor renda, proporcionalmente, gastaram mais com remédios que as
famílias de maior poder aquisitivo, da ordem de 74,2% e 33,6%, respectivamente.
“Porque em números absolutos, os que têm maior renda gastaram bem mais”. Isso
ocorre em função da composição do gasto, explicou. “Quanto mais pobre a pessoa,
mais a habitação pesa no orçamento dela e mais a saúde também vai pesar”.